Sétima arte: Brilho eterno de uma mente sem lembranças

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       Esqueça todas as comédias românticas que você já assistiu. Aliás, não, não esqueça, deixe-as guardadas na sua memória e constate comigo: essa é completamente diferente. É original, sensível, bem produzida. Grande roteiro, grandes atuações, efeitos bem colocados. Você está diante, sem dúvida, de um dos melhores filmes que vai ver na vida.
       No entanto, devo desde já alertar que é um filme para poucas pessoas. Sim, pois há os que vão achar "sem graça", "surreal", "entediante" e uma gama de outros adjetivos que nem de longe considero aplicáveis a esse filme. Eu, particularmente, fiquei encantada, perdida, angustiada e emocionada, muitas sensações para um só filme.
     Começando pelo elenco, posso dizer que tirei da minha cabeça a figura do bobão-pateta-que-só-sabe-fazer-careta, que era como eu via Jim Carrey. Nesse filme, ele faz uma atuação impecável com seu personangem Joel, um cara apaixonado, que entra em depressão com o fim de seu relacionamento e como forma de se livrar disso resolve fazer o mesmo que sua amada havia feito anteriormente: apagar esse amor da sua memória com uma técnica médica que não deixa rastros. No entanto, no meio do procedimento, ele se dá conta de que não é aquilo que ele quer. Na verdade, o que Joel quer é preservar aquilo, na esperança de um dia poder ter aquele amor de volta. Assim, durante o procedimento, no meio de suas lembranças, ele começa a levar sua amada Clementine (Kate Winslet) para lugares onde ela não esteve, para que, assim, ela esteja fora das lembranças que serão apagadas.
     Jim e Kate fazem uma atuação brilhante, transportando pra você tudo o que eles sentem, da forma mais humana e real possível. Além disso, Kate deixa para trás todo o jeitinho Titanic de ser, incorporando com tudo essa personagem, coisa que, infelizmente, não aconteceu com Kristen Dunst, que não conseguiu tirar da minha cabeça a imagem da namoradinha do homem aranha e Mark Ruffalo, o garoto fofo de "De repente 30".
     Tecnicamente falando, não tenho o que reclamar do filme. Muito bem produzido, roteiro consistente, efeitos especiais que passam longe dos clichês 'carros voando' e 'pessoas dando voadora umas nas caras das outras', enfim.
     Apesar de, em uma série de momentos, você ficar perdido assistindo o filme, sem compreender o que acontece, morrendo de aflição e roendo a unha, aos poucos, tudo começa a se encaixar. E a sensação de entender o que se passa é incrível. É como se você estivesse vivendo aquela história.
     Arrependimentos. Amor. Memórias. Relações que chegam ao fim. Mágoas. Saudade. Bata tudo isso no liquidificador com muita originalidade e o resultado será Brilho Eterno de uma mente sem lembranças.
     Outro ponto interessantíssimo que posso destacar é o fato de este ser um filme incisivo, ameaçador. Todo o tempo ele cobra de você uma posição. Se você tivesse a chance de apagar algo da sua vida, da sua memória para sempre, você apagaria? E o que apagaria? Será que a covardia de simplesmente apagar algo de você é mais valiosa do que o sofrimento de ter vivido algo com plenitude e entrega, mas que chegou ao fim? Quantas coisas as pessoas apagariam por raiva ou impulsividade, ou mesmo vingança, se fosse concedido este benefício? Essas e outras questões passam o filme te beliscando, te jogando contra a parede. Digo sem medo de errar que é um dos melhores filmes que já vi na vida, uma produção em que Charles Kaufman superou todas as expectativas dos espectadores e acho que até dele mesmo.

Sem mais delongas e elogios, assistam. Vale MUITO a pena. Muito mesmo. Tipo, muito ao quadrado. Mui.. É, acho que vocês já entenderam! Minha nota é 10.



 Destaquei algumas frases do filme que me chamaram atenção.. aí vão:

"Feliz é o destino da inocente vestal.
Esquecendo o mundo e sendo por ele esquecida.
Brilho eterno de uma mente sem lembranças.
Toda prece é ouvida, toda graça se alcança."

"Não sou um conceito, sou só uma garota ferrada tentando encontrar sua paz de espírito"

"Eu poderia morrer agora, estou tão feliz. Nunca senti isso antes. Estou exatamente onde queria estar."

"Felizes são os esquecidos, pois eles tiram o melhor proveito dos seus equívocos."

"O dia dos namorados foi inventado pelas indústrias de cartões para deixar as pessoas tristes."
 
"As pessoas têm que dividir as coisas, Joel. Intimidade é isso." 
"Pensei: "Graças a Deus. Outra pessoa que não sabe interagir." 
"Não consigo me lembrar de nada sem você."
"Olhamos para um bebê e é tão puro, tão livre e tão limpo.
Os adultos são essa confusão de tristezas e fobias."
 


Quero saber o que vocês acharam! 
Comentem!
Beijo

Lari

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