A menina que engolia palavras.

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Ela sempre falou bastante,
Com medo de que, num átimo, sua vida virasse lembrança,
E não tivesse tempo de dizer às pessoas tudo o que precisava.
Mas foi advertida de que não se pode ser assim.
Palavras criam expectativas, têm força, unem os homens ou fazem a guerra entre eles.
E foi com medo da expectativa, da força e da guerra, que ela decidiu calar-se.
Começou a engolir suas palavras compulsivamente,
Cresceu, inchou, quase sufocou, até que...
Um dia, sem mais espaço, as palavras transbordaram pelos seus olhos,
Até criar um pequeno lago,

Onde a menina decidiu que iria criar suas próximas palavras como peixes, 
pra não mais ter que engolí-las.





Indira Lima

3 comentários:

  1. Que as palavras, portanto, sejam como aquelas carpas japonesas, douradas, vistosas, que nos levam pelos olhos para instantes de contemplação e enlevo!

    Beijo!

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    1. Espero que elas sejam assim mesmo, Fabrício. Na maioria das vezes é difícil ver alguma beleza nelas.

      Novamente, agradeço pela visita!
      Beijo!

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  2. Descobri esse blog hoje, por acaso, e estou adorando a leitura. Realmente, muito interessante e bem escrito! Me apaixonei! Continuem com o bom trabalho. Sinto que me tornarei leitora assídua :)

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